No ano em que entrei para a Escola, contava o meu pai que a legislação tinha mudado. Já se podia entrar com 6 anos feitos até 31 de Dezembro mas nos anos anteriores era com 7 anos (deve ter sido o caso da minha irmã Célia que fez 7 anos em Setembro e a entrada para a Escola era em Outubro ).
Sendo assim entrei para a Escola em Outubro de 1957, com 6 anos, tendo feito logo 7 em Janeiro.
Antes do dia da entrada a minha mãe foi à Papelaria Paula, em Lagos, onde ainda vivíamos, e comprou-me uma pasta e todo o material escolar. Na foto vê-se a porta da papelaria, num edifíco verde com azulejos, é a da esquina.
Saí chorando porque a minha irmã tinha tido uma lousa (feita de xisto ou lousa), preta com um caixilho de madeira e usava um trapinho e um frasquinho que tinha sido de uma injecção com tampinha de borracha no qual levava água para molhar o trapinho e limpar a escrita da lousa. Eu queria uma lousa destas daí vir a chorar porque nesse ano a mãe resolveu comprar-nos umas lousas de plástico com umas bolinhas para nós fazermos as contas ( um ábaco integrado na lousa) e na esquadria da lousa tinha os algarismos e o alfabeto.
Nessa altura não haviam mochilas. Alguns colegas meus usavam uma sacola de tecido azul escuro ou cinzento tipo o cotim da farda da GNR. Outras crianças usavam umas malas de cartão, castanhas tipo uma caixa tamanho A4, com uma tampa embaulada como as dos baús. Estas eram as minhas malas preferidas para transportar o material escolar, tinham uma asinha como têm as malas de viagem antigas.
Mais um motivo para o meu choro porque a mãe resolveu comprar-me uma pasta de cabedal de côr beje, com um relevo imitando pele de drocodilo, mas tudo em beje.
Chegou o dia da escola e lá fui eu com sapatinho preto de verniz, meia branca e uma bata branca de manga comprida e saia rodada. Por baixo não sei se usava saia e blusa ou vestido, sei que as saias eram armadas com uns saiotes de tela de nylon que quando se tocava fazia um barulho de amarrotar papel. Lembro-me que essa tela vinha do estrangeiro por encomenda mas não sei de que país. Mais tarde apareceu em Portugal mas era mais fininha e não armava tanto as saias.
Foi a mãe que me levou à escola, estava grávida na altura e talvez por isso o pai é que me foi buscar e esteve de conversa com a professora.
Eu, cusca como era pus-me a ouvir e só me lembro do que me interessava: " Pode castigá-la mas não bata nunca na cabeça".
Não recordo mais nada deste dia.......
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