Debaixo da terra não há lápis de cor

 

Debaixo da terra não há lápis de cor

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Debaixo da terra não há lápis de cor

Queres que eu te faça um desenho? Um desenho de voar? Mas isso é fácil! Os grandes só desenham pássaros e aviões. Mas eu já fiz voar dragões, ovelhas, botões e até corações. A minha casa por cima das nuvens não ficou nada mal, nem o cão ao lado do avião.

Dizem que tenho muita imaginação, mas para voar não é preciso ter asas. Se calhar, há asas invisíveis! De manhã, a minha mãe voa do quarto dela para o meu, depois para a cozinha e depois porta fora, e ela é mais rápida do que as pombas que eu vejo na praça! Os carros, às vezes, também voam. Num instante partimos e logo estamos a chegar. Quem voa mais depressa? Acho que é o vento!

Nos desenhos, também gosto de mudar. Por isso, faço coisas diferentes, de propósito! Já pintei nuvens verdes em cima de bancos cor-de-rosa e peixinhos brancos a apanhar banhos de sol. Já desenhei o meu pai da altura de um prédio, mas isso não faz mal! O meu pai, se quiser, chega ao céu!

Mas o que eu gosto mesmo é depois contar a história. Sim, porque muitas vezes as pessoas não percebem nada! E tenho que lhes contar muitas vezes, porque elas esquecem-se da história, dizem que lhes falha a memória. Não sei o que isso é, mas a minha memória não falha porque nunca me esqueço da história. A minha avó também sabe muitas histórias mas nunca faz os desenhos. Então, eu faço os desenhos para ela não se esquecer das histórias. Ela gosta muito e guarda os desenhos, mas depois falha-lhe a memória e não sabe onde pôs os desenhos!

Quando for grande quero ser pintor ou agricultor. Sim, os agricultores pintam as couves, as cenouras, as batatas, tudo de cores diferentes. O meu irmão disse que elas já nascem assim mas eu não acredito. Para terem cores têm que ser pintadas e debaixo da terra não há lápis de cor! O meu irmão diz estas coisas para me enganar, mas eu sei mais coisas do que ele!

Agora vou acabar o desenho. Amanhã conto-te a história, está bem? 

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