Esta noite não sou eu, hoje não, não nesta noite, não na próxima talvez (…)
Despeço-me aqui desta velha farda pesada que ousei usar vezes e tantas.
Este vento fresco que me embate, embrulhado em cheiro de combustível, arrastando consigo ruidosas gritarias inocentes de quem vive ainda sem saber quem é.
Aquelas luzes sempre estiveram ali? Como as poderia ter visto de jeito qualquer se estou a nascer agora! E que preexcelentes, mesmo daqui de minha janela.
Um brinde em memória de todas as noites passadas, de cara rompida, forçados sonos rotinados como quem corre para se abrigar!
Ahhh, e esta música! Como ela toma posse dos sentidos menos acostumados a sentir, perfura-me do jeito mais cru, acorrenta-me melodicamente e hoje, para minha primeira vez, quero fazer dela a minha droga!
Lembro-me da última vez que nasci,
na varanda de um hotel barato com vista para o desassossego. Lá deixei a vontade intuitiva em ser louco e me apaixonar e, quase caía ao amarrá-la no andar mais alto a que tive acesso. E agora, ao nascer de novo, a vontade mais possessa é unicamente não morrer de novo, outra vez.
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