Pé ante pé, nem dei por isso, sei apenas que aconteceu
A pancada no peito, ali onde a dor, de súbito, gelada se insinua
Calo a revolta, abafo o grito, engulo a palavra que me apeteceu
Um espanto de silêncios sobra na noite que cobre os teus passos na rua
Percebi no tom da despedida, um adeus sem prazo nem saudade
Demasiadas reticências, um ponto parágrafo e tão pouco para dizer
Puseste uma interrogação nos meus olhos, e no teu coração, uma grade
E do romance, que eu queria de amor, restam apenas páginas por escrever
Com o olhar perdido num futuro que, de súbito, deixou de te ter e de o ser
Fiquei recolhido no meu espanto, sentindo ainda, nas estrelas, o teu perfume
Não sei quantos anos vivi naquele minuto, nem quantas vezes, nele, quis morrer
Quando vi a palavra “adeus”, no manto escuro da madrugada, queimando como lume
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