Debruço-me sobre a janela

 

Debruço-me sobre a janela

Português

Debruço-me sobre a janela do quarto onde a música dança e se faz presente envolvendo-me por uma onda de sentimentos doces e gentis.
Olho a estrada onde passam os carros cansados do dia, a estrada que se deixa banhar pelas luzes que nascem no interior dos postes que permanecem quietos e silenciosos deixando-se transbordar cá para fora enquanto a sabedoria do céu lá em cima se cobre pelo manto de estrelas mágicas que se vestem por um brilho apaixonante onde me deito e, deixando-me afundar, grito pedindo delicadamente, enquanto te procuro nas palavras intensas do meu silêncio: “- Vem fazer-me companhia. Vem deitar-te comigo, afundar-te na imensidão do tempo e do espaço, no calor dos nossos beijos perdidos que se enrolam no balançar dos caracóis suaves, mergulhando e acompanhando o toque gentil que existe nas nossas mãos sonhadoras, e diz-me baixinho ao ouvido, num sussurrar angelical, quase cristalino:
- Não prometo amar-te para sempre mas amar-te-ei com toda a minha alma nos véus infinitos da eternidade deste momento precioso que nos foi entregue pelas bênçãos do céu.
E depois de me desenhares no rosto com o sabor apaixonante que nasce e vive no interior do fundo das palmas das tuas mãos e transborda cá para fora até a ponta dos teus dedos bonitos um rasto de carinho quente e harmonioso e ao me retribuíres o sorriso de ternura que surge em mim, volta a falar-me, desta vez olhando-me profunda e verdadeiramente na luz da minha alma através da doçura dos nossos olhos:
- Estou aqui. Agora estou aqui... Meu amor.

 

 

Laura Mendonça

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