1.
para-ler-debaixo-para-cima
e foram felizes para sempre
os cineastas, os artistas, os afobados, os ansiosos
os escritores, os advogados, os filólogos, os dicionaristas
os jornalistas [até]
os pés vermelhos
os cansados
os meia-boca, os sensatos
os cretinos, os palhaços, os insensíveis [também]
os gaúchos, os pernambucanos, os cariocas
os malandros, os sinceros, os preguiçosos
os estiletes
Todos dispensaram o faz de conta
um dia em que
era uma vez
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2.
Daquela noite, só sobraram reticências não atendidas
E elas viraram exclamações, clamando pra serem notadas
Esperavam estar entre vírgulas,
para dar um explicação talvez
(mas a explicação não quis ser ouvida)
e elas ficaram esquecidas, à mercê de um ponto final
que não chegava
ninguém entendeu nada
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3.
transformo a poesia em rua
para passar
[e não passar em branco]
ai, se essa rua fosse minha
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4.
história
tire o acento,
troque as letras,
passe a diante.
pronto,
está feita a histeria
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5.
Há costuras invisíveis que alinhavam as poesias que vivem dentro da gente.
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6.
Cartomante
Sua vida vai ser curta, ouviu. E quando chegou em casa começou a escrever tudo o quanto foi coisa, até mesmo o que não queria que ninguém soubesse, era o único jeito de sobreviver.
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