Português
Caro escritor.
Sentei-me à secretária.
Só para escrever.
Só para ver surgir, da pena, a pena que tenho.
E eu tenho muita.
Mais do que a maior ave rapinante do céu.
Mais do que a maior ave desembravecida da terra.
Mas a pena que tenho nem são penas.
A pena que tenho está nos olhos com que vejo,
Nas mãos com que sinto,
Na saliva com que molho.
E, escrevendo isto, digo:
Que nenhum escritor, alguma vez, agarre a sua pena com pena de si próprio.
Que se a pena for muita,
Muita tinta há de correr.
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