Lua

 

Lua

Português

A Lua é o centro e eu o espaço.

A retalhação da gravidade desconhecendo o amor que arde.

 

A Lua é o centro e nós o espaço.

Irrompem aladas formigas não se entusiasmando com as minhas costas,

e as bocas abertas invertidas e cegas.

 

A Lua é o centro e tu o medo.

Farpas alojadas nos meus olhos que expulso

Pescoços que rangem em vislumbres

 

A Lua é o centro e cá em baixo há um comboio.

Burburinhos que escavam em terra inexistente

na violenta vertigem com desonra nos sentidos

e cabelos na boca.

O comboio arde no fundo dos meus pés

Pois o centro é a Lua mas a Lua não existe.

 

Não há cidades ou marés que esperem um fantasma

Não há nada em concreto que nos albergue em vácuo

E não há tenacidade nas despedidas

 

Declaro um desabar em ti

Cheio de sonhos e confissões

E o centro somos nós,

e a Lua a ser lavrada de vontades.

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