O medo
O medo imagino-o sem formas e escuro. Vai entrando nos espaços onde o colorido e a alegria predomina. Um dia lindo na rua e o medo instalado dentro de mim, mas também tenho uma porção de culpa. Nada sobrevive sem alimento.
O medo disfarça-se da razão, do que é racional e fugir das regras é completamente errado. E quando o racional, não traz felicidade?
Ainda procuro a resposta a essa questão.
Pareço uma menina/mulher centrada e decidida nos valores que me foram incutidos desde menina. No entanto, sinto- me aprisionada dentro de mim mesma.
Engraçado, não é?
Simplesmente, sinto medo de errar. Embora tenha esse direito, ou não.
Mais uma vez, uma luta constante entre o querer e não puder. Não posso afirmar que sou 100% eu, quando não o sou. Não por não querer, mas só o medo fala comigo.
O que é injusto!
As palavras sensatas de sempre, a rotina de sempre, a armadura de sempre, a porcaria de sempre sem nenhuma mudança. Tudo o que é seguro, não me satisfaz mais.
Então, o medo aparece e chego a gostar dele às vezes. Só por ser um sentimento diferente, por fugir à regra e mesmo que me tire o sono. Pareço masoquista eu sei.
O medo apodera-se quando há uma decisão difícil para ser tomada. E, não se pode fugir a isso, mesmo que queiras.
Viver na sombra do que sou e não puder ser quem sou, é um tormento inexplicável. Pode ser covardia da minha parte, no entanto sinto que seria alvo de censura. Detesto ser a adulta racional, quando dou um conselho sensato. Eu devia dizer.
– Queres isso?
Então faz!
Manda toda a gente ir bugiar!
(no fundo, eu queria que me dissessem isso também)
E respondo.
– Tu é que sabes!
Mas, isso é errado…
(que se lixe, faz)
E, agradeço por não seguirem os meus conselhos ditos bons. Eles não trazem felicidade mesmo. O que vale?
Começo a ficar fã do perigo, do impossível.
Para uma acção haverá consequências. Alguém me disse isso um dia.
Agora pergunto- me.
Devo ignorar a minha vontade em prol dos outros?
Fica a questão pendente
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