Doce manifesto da vida …
Complexa expressão de tributo, presta
A arte à dor como impressão de prazer divino.
Se eu soubesse que a tal me completaria,
Deixava completamente de a ter, amarga,
Substituía-a por outra abominável sensação,
Que evocasse o vazio nulo que contemplo,
Sendo seu falso monarca ou subordinado atento,
Como só grandes homens o são, condenados
A um paliativo degredo, ainda que imposto
A quem homenageia, numa manifestação
De triunfo, a amargura complexa, mimética
Igual quanto a dor é e desperta em mim,
Nivela-me a quantos têm na vida grandes
Sonhos, sem que os ponham de lado, levando
Consigo demasiados bocados da alma e pés,
Sem terem quem os reanime, batidos, derrotados.
Nada mais me dói senão a lucidez do dia,
De facto atrai-me o que repele aos outros,
Não me submeto ao conforto da opinião alheia
Como uma panaceia, cultivo a liberdade
De espírito assim como o desprezo do real,
Pois só o temos do lado que vemos, não do
Aposto do olho, deselegante e rude, porém
Divino tanto quanto pode ser a dor, um doce
Manifesto de vida…
Joel Matos 09/2019
Http://joel-matos.blogspot.com
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