Lembra-te ao leres estas linhas que agora escrevo, daquilo em que acreditas e acreditaste sempre e o caminho a que te conduziu.
Sempre que a vida te colocar um partida pensa na mulher que nasceu e cresceu diferente.
Nunca desistas dos teus sonhos, ainda que sejam diferentes dos sonhos de toda a Humanidade. Se os sonhaste para ti e se eles te fazem feliz e inteira, então não pares de sonhar e acreditar que podem ser reais e que os podes conduzir até um porto seguro.
Quando as lágrimas te toldarem a vista e te impedirem de “ver”, pára, seca-as e reflecte sobre o chão que pisas e o céu que te cobre e encontrarás a resposta para as tuas preces, os teus anseios e as tuas dúvidas, ainda que te sintas totalmente só, ainda que a existência te pareça um enorme fardo.
Pega nesses momentos de solidão e lembra-te do porquê de os sentires, das decisões que tomaste e perceberás que tudo tem uma razão por mais que às vezes te pareça absurdo, impensável, sem nexo.
Não foi uma escolha. Quando alguém nasce diferente é diferente, sem apelo nem agravo. Muitas foram as vezes em que procuraste ver o mundo pelos olhos dos outros, procuraste compreender as decisões de outros, procuraste pisar o mesmo chão que outros pisam, mas nunca conseguiste e isso trouxe ainda mais sofrimento. Sofrimento por ter que viver e rir das piadas de que não se achava graça ou, ainda mais difícil, parar de rir das piadas e suportar o olhar de quem nunca entendeu.
As muitas vezes que me senti só e deitei a cabeça no travesseiro a chorar nunca ninguém soube, nunca ninguém saberá. Vou levá-lo comigo. Aprendi que abrir o coração aos outros e darmo-nos desta maneira é perigoso, é um erro, ainda que no fundo os outros possam porventura sentir o mesmo e procurem secretamente o mesmo caminho nunca o irão admitir. A infelicidade é sempre coberta por um sorriso ou pelo esvaziar de mente com as preocupações banais do dia-a-dia. É um caminho sem regresso.
Também o meu é. Também o meu tem um destino solitário. No fundo somos todos uns solitários, embora muitos sejam solitários camuflados.
No fundo a solidão é o âmago, mas a felicidade é a plenitude da descoberta de ser inteiro.
Ana Resende
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