A máscara foi trazida dos EUA por uma amiga da faculdade. Essa máscara era de uma pessoa idosa, tão perfeita em seus detalhes que chegava a assustar. Percebendo o efeito que causava nas pessoas, certa tarde nos sentamos no portal de um edifico, bem no centro da cidade universitária onde morávamos e resolvemos fazer uma brincadeira. A dona da máscara vestiu uma roupa bem velha, colocou a máscara e sentou no chão. Cada pessoa que passava, ela pedia uma esmolinha. Às vezes alguém largava uma moedinha, mas não eram todas as pessoas que faziam isso. Fiquei com muita vontade de colocar a máscara e dar um susto na minha família. E foi o que fiz. Me enrolei num cobertor velho, coloquei a máscara e bati na porta da minha casa. Tínhamos um cachorrinho que ao me ver, me reconheceu, mas não latiu. Ficou por perto fazendo festa. A primeira pessoa a abrir a porta foi uma amigo que morava na minha casa. Quando ele me viu, mudei um pouco a voz e perguntei a ele se tinha um pão velho para me dar. Ele me olhou com estranheza e foi falar para a minha mãe. Disse: dona Camila, tem uma senhora bem velha pedindo pão. Ao que a minha mãe respondeu;
- Veja se tem alguma coisa e dá para ela. Meu amigo veio dar mais uma espiada, voltou e falou assim:
- Dona Camila, eu acho que é a Débora.
Minha mãe veio dar uma olhada, não me reconheceu e disse: que horror, Luiz, como essa pessoa pode ser a Débora?
O Luiz, mais desconfiado ainda respondeu:
- A Senhora observou que nem o cachorro avançou nela? Está lá ao lado dela.
Eu senti uma enorme vontade de rir e não podia fazer isso, para que ele não me reconhecesse. Mais uma vez eu disse:
- Por favor, pode me dar um pão velho?
Naquelas alturas dos acontecimentos, todos os que estavam em casa resolveram dar uma espiadinha. Olhavam desconfiados e não acreditavam que pudesse ser eu. Eu ria tanto que cheguei até a chorar. Quando me viram chorando, minha mãe disse assim;
- Vai logo buscar um pão e dá para essa senhora parar de chorar.
Quando o Luiz retornou com o pão, eu retirei a máscara e ele então teve certeza de que era eu. E dizia o tempo todo:
- Viu como eu tinha razão?
É a Débora mesmo....
Enganei a todos, menos o cachorro...
Débora Benvenuti
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