Os amigos, esses seres extraterrestres.
Essas criaturas da fantasia das nossas almas que, na nossa mais profunda ilusão e loucura, nos conseguem entender. Têm até capacidade de dizer: "vai correr tudo bem", depois de dizermos barbaridades capazes de nos condenar à imortalidade no inferno.
Fico sempre espantada e quase cega, como se uma clareira estivesse de fronte a mim, cada vez que vejo um super herói em acção. E aqueles que conheço gostam de mim, são aqueles que me salvam por entre os dedos do meu maior inimigo (que, normalmente, é a minha própria mente).
O que é isto de ser amigo? Donde vem esta força e coragem de, no meu caso, se aliarem e me apoiarem neste ser que sou. Como é possível alguém fora de nós, fora da nossa familia e até não conhecedor de toda a nossa história, saber a nossa proxima palavra, completar as nossas frases?
Que fado risonho o meu. E se não estivesse naquele sitio àquela hora? O que era de mim se não conhecesse aquele amigo?
É um amor diferente. Os meus extraterrestres são certos, não são muitos e são todos diferentes. Ainda há uns que são astros, que me iluminam e que, outras vezes, se deixam iluminar por mim. A capacidade de amar assim não é para todos. O poder de adorar uma novidade que não é nossa, de ficar feliz pela felicidade de outro corpo, com outros objectivos, com outra história de vida, com outros gostos... não é para todos. A coragem de dizer que "não está certo", o à vontade de dizer que "não concordo", sem medo de retaliação, não é para todos.
Os amigos são uma luz pungente. Mesmo que mais apagada por vezes, conseguem brilhar sempre para nós. E se o amor é a razão da vida, a amizade é o resultado do amor despreocupado, do afago descomprometido, da verdade do sentimento, da idolatração de alguém presente. Os amigos são como irmãos de outro sangue e têm connosco uma relação de Sol e Lua. Umas vezes iluminam e noutras deixam-se iluminar.
Adoro os meus amigos. O que gosto neles mais são os defeitos: quando visíveis tornam estes seres galácticos reais e de forma similar à minha. Por momentos até acredito que existem mesmo.
Fotografia: A galáxia elíptica gigante NGC1316, ou Fornax A, tal como vista pelo telescópio espacial Hubble. Apesar de aparentemente estável, esta galáxia formou-se a partir da colisão entre duas galáxias espirais, há alguns milhares de milhões de anos, um acontecimento que poderá estar na origem de outras galáxias elípticas.
Fonte: http://www.oal.ul.pt/oobservatorio/vol11/n5/pagina3.html
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