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A Memória guardava acontecimentos inesquecíveis.
Muitas vezes procurava não lembrar e quando isso acontecia, o Esquecimento fingia que nada havia acontecido. Mas muitas vezes o Perdão aparecia para dizer que havia perdoado este ou aquele fato, por mais difícil que isto pudesse parecer. Perdoar era um ato de amor, pensava o Perdão, quando decidia que era hora de perdoar. Porém quem perdoava esquecia ou quem esquecia, perdoava? Este era um dilema difícil de ser solucionado. A Memória era um fator preponderante nestas ocasiões. Dizia sempre que o Perdão agia impensadamente. Talvez quisesse demonstrar que estava tudo bem, que todas as desavenças estavam esquecidas. Mas como esquecer, se a Memória não permitia que o Esquecimento acontecesse? Se era Memória, era para não ser esquecida. Mas como o Perdão poderia perdoar, se ele jamais conseguia esquecer, enquanto os sentimentos estavam latentes na Memória? E se o Perdão perdesse a Memória, o Esquecimento seria possível de acontecer? Tais pensamentos estavam sempre em conflito, pois a Memória estava sempre ali, para dizer que não havia esquecido. E se não havia esquecido, como poderia ter perdoado? Haveria Perdão, se o Esquecimento teimava em não esquecer?
Débora Benvenuti
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