NEM SEMPRE O MAL É VERDADE
Sentado à sombra da velha latada.
Joana com desgosto dormitava e pensava.
Fora no pino do verão seu marido Luciano partira.
E desde então nunca mais ninguém o vira.
Andava no contrabando e nessa noite de verão.
A raia passara, fez-se dia e nunca mais voltara.
Joana desesperada esperava e chorava.
Foram passando os dias e ainda sonhava.
Sonhava que ele um dia ainda ao lar voltaria.
Atravessaria a fronteira qualquer noite de luar.
Perdida em saudade, esperava, esperava.
A esperança não perdia e ainda confiava.
Tempos passaram e de Luciano ninguém sabia.
Um dia alguém, boas novas dele deu.
Fora visto com uma linda cigana.
Lá para terras do interior de Espanha.
A Joana inconsolável desanimava sofrendo.
Para outra ela o perdera que triste sorte magana.
Com o coração despedaçado não mais ilusões ia ter.
Quanta dor em si se instalara que já pensava em morrer.
Amara a quem perdera e fora p´ra outro destino.
Dele apenas ficara aquele amor peregrino a germinar.
Joana revoltada muito se perdia no seu cismar.
Ia olhando para a estrada sem esperança a desesperar.
Mas um dia que alegria Luciano enfim lá voltou.
Estivera prisioneiro na guerra de Espanha que finalmente acabara.
Joana sentiu-se feliz por enfim tanta mágoa terminar.
Abraçou o Luciano sentindo a felicidade voltar.
Afinal fora falsa a história da bela cigana.
Fartara-se de sofrer tivera tão ruins novidades.
Por sorte conservara a vida que quase estivera a perder.
Que triste a sina magana que tanto a fizera sofrer.
AUTOR-CARLOS PAIVA
05/08/2015
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