Dá para começar de novo? Mas desta vez, deixa-me só a alma, esquece-me o corpo. Acho que não preciso dele, a alma chega-me. O vazio dela já me pesa o suficiente para pensar em alimentar corpos ou fazer bater coraçoes. Dá-me somente a alma, porque com ela já me divirto o suficiente. Ela já reflete suficientemente os momentos que a vida me espalha, quanto mais encher um corpo de beleza ou de cicatrizes. A alma importa grandes conceitos e grandes faculdades para que nos possamos guiar. O corpo vai, danifica-se, tonaliza-se, morre. A alma, nao. A alma segue por aí, nas coisas que deixo, nas outras almas que vou encontrando neste caminho onde me perco. Então, dá para começar de novo com este novo acordo? Sempre é melhor do que ser e estar. É que assim, seria a mesma coisa. Eu continuaria a não ser visto, mas sentido, lido e ouvido. Comecemos, então, de novo. Dá-me a alma e esquece-me o corpo.
Camillo I. Real
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