“Vou-me libertar ao que ficarei presa para sempre:”
Ilha
És um pouco do meu passado
uma peça do amanhã
um puzzle mal terminado
caminho com espinhos e lã
As lágrimas que aqui derramei
por ti não foram secadas
toda a raiva que suei
p’ra ti são águas passadas
Tanto tempo te odiei
roguei-te terra maldita
nasceu aqui por quem tanto gritei
eu, tão inocente, que em tudo acredita
Parti, alcancei o meu sonho
o mais difícil foi retornar
recordo triste o tempo risonho
por não poder de ti me livrar
Quando o tormento findar
não sei se será tão bom
pois afinal acabei por amar,
esta terra com música sem som
Gozo apenas os últimos momentos
que amanhã serão passados
e prendem-se nos meus pensamentos
aqueles olhos, que hoje estão cegos
Por ti não deitarei minhas lágrimas
sufocarei, sim, se as derramar...(mas)
sei que ainda virão as últimas
quando partir p’ra jamais voltar
Tenho medo de te olhar
fora de ti, pois bem sei
que eu te irei expurgar
de mim, sim por tudo tentarei
Embora te odeie, te amo
pelo dia em que aqui nasceu
alguém por quem eu clamo
porque nunca me pertenceu
E parece que adivinho
que quando me libertar
ficarei presa neste ninho
pois ferida terei de voar
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