“Quando só nos resta a solução de nos fecharmos numa concha e fugir da realidade.”
Fuga
Chorei. Como criança abandonada
por sua mãe querida e amada
qual fogo que queima e arrasa
um botão, uma árvore, uma casa
ou vento que percorre mares infindos
e se esquece de velhos contos ouvidos
como escuridão sem lua ou estrelas
um pedaço de céu morto nas telas
Sofri. Como um frágil coração atraiçoado
esfaqueado por vis promessas do passado
ou grã desejo que nunca se concretizou
mas desvaneceu, e pouco a pouco, voou,
tentar ter alguém a quem acariciar
e ser pedir demais, pelo ódio amaldiçoar
Eu...não era má e cruel como qualquer ser
que o amor e justiça obrigavam a esquecer
Recordei. Como quadro pintado na memória
sem coroa, medalhas ou glória
mas apenas tristeza profunda
numa vida desde nova, moribunda
não tendo o direito de ser alegre
viver, amar, conhecer ou ter febre
qual livro monótono e esquecido
no sótão de uma casa, agora adormecido
Senti, como que ninguém me sentia
e cada sonho, de mim fugia
restando um único coração fraquinho
tão fraco, que ficara no caminho
prevalecendo apenas um primeiro amor
desde sempre o mais belo e vital fulgor
tão limpo, tão puro e tão brilhante
que ao pecador era agonizante
...e no ser humano não existia mais,
por isso me distanciei e fugi de tais.
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