Eram dois maratonistas. Corriam. Só corriam. Correr dava-lhes energia. Correr enchia-lhes os pulmões. Correr fazia com que eles sorrissem. Correr era a felicidade deles.
Mas um dia os dois maratonistas cruzaram-se na sua corrida. Chocaram um contra o outro, cada um caiu para seu lado e curiosamente riram-se. Pela primeira vez, os maratonistas tinham-se rido sentados no chão, algo que nunca tinha imaginado pois para eles correr era sinónimo de felicidade e por consequência ficar parado era sinónimo de infelicidade.
Chegaram-se mais perto um do outro e ali ficaram, durante uma eternidade, juntos. Juntaram-se porque partilhavam algo: o amor pela corrida. Mas permaneceram juntos porque se aperceberam que o amor por correr não se igualava ao amor de ficarem juntos, mesmo parados.
Os dois maratonistas ainda estão lá, na estrada onde se cruzaram, sentados e surpreendentemente felizes.
Às vezes eles perguntam-se se aquele lugar é a meta da corrida que cada um dos maratonistas estava a percorrer. Nenhum sabe a resposta. Talvez, fiquem lá para todo o sempre, em pedra se vão transformar e nem um vento ciclónico os conseguirá remover de lá. Talvez, um dia, já não vão sentir aquela felicidade e então, levantar-se-ão para recomeçar a sua corrida.
É por isso que a vida de maratonista não é fácil, porque não se sabe onde é a meta. Mas ao mesmo tempo é emocionante porque ao longo da nossa corrida, vamo-nos cruzando com outros maratonistas que têm o mesmo objectivo que nós: encontrar a recta final.
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