no negrume da noite uma página... espera em silêncio
sôfrega por letras palavras frases ou mais
história amargas mentiras retorcidas melancolia
luas e sóis esperanças
lágrimas
porque me rio?
espíritos antigos professam dualidades
poesia
vidência no assento do vinho
cai a noite.
estou só, desamparado nesta estranha tristeza, e na melancolia da solidão deste espaço sinto o cansaço.
o vento fazia o pó levantar. de olhar maduro, óculos de protecção, casaco preto e chapéu, ao peito um medalhão. ele era um rapaz nobre.
estranho
esta cidade a sua personalidade o seu cheiro
a minha casa os meus lençóis
estou atrasado
acordo estou preso na essência do meu ser abro os olhos vejo mas não te vejo és a imagem que me conta aquela história
oh! pobre alma
instante
sorte na distância
momento
outro momento
felicidade
e a noite cai
não olhes para o meu rosto não tentes descobrir quem sou não me peças um sorriso não apontes os meus defeitos não me condenes não me enalteças
procuro no meu jardim o cheiro adocicado da paixão o desejo inebriante do pecado aquela sensação de imensidão
para te ter pensei um dia mudar os hábitos e a alegria a forma de ser e estar desobedecer-me sem pensar
pode um imortal morrer de amor? e viver nas palavras intemporais?
mesclemos pois, vida e morte e na dualidade tornemo-nos unos por amor
convida alucina insinua cativa corrompe escraviza corrói consome domina enfraquece humilha e MATA!
lírios pretos giram em torno de mim esculpindo um código com a sua dança inebriante.
na cadeira do velho relvado, chá com sol, leituras de romance em romance.
até o sol cair como uma moeda na fenda da terra.
lembra-me o verão pirâmide de luz
chovia lá fora na rua deserta e no conforto da casa não chovia p’la certa
tomai bebei
bebei da taça que transporta a vida enjaulada pelo fino fio da adaga
a felicidade brilha nos teus olhos e prendes-me com o sorriso frio dos teus lábios.
esse corpo que em gestos me diz: possui-me.
hoje caminho sobre os meus medos
hoje caminho sobre as minhas dúvidas e vou na direcção da luz
deixo o passado lá atrás e atravesso a tempestade presente
dança à chuva das lágrimas que jamais vais poder suster.
tira da terra os nutrientes para o teu eu interior.
vou nostálgico por entre nuvens de abetos
a ideia escorre lentamente
fruto do corte profundo
escorrem também palavras que escrevo
que outrora escrevi
escorrem e invadem a noite
eu quero sussurrar miséria no lóbulo interior do teu eu
eu quero fazer crepitar o fogo e voar para fora das amarras que me detêm
sinto frio
frio dos teus dedos que percorrem o meu ser
calor
suspiro
esmagas-me o corpo como folha entre as páginas de um livro
abro a janela e sinto o ar húmido
sinto o beijo frio na minha pele
volto a ser criança
sinto-a escorrer pela minha face
encharco-me
sou um espelho antigo
frio . vazio . sombrio
como um túmulo
sobre a lareira domino o quarto
vejo lá fora as flores e árvores do teu jardim
deambulo pela rua à procura da razão desse amor que me trucida que me trespassa o coração.
degustação automutilação desvalorização
momento de in(sanidade)
negação abstenção imperfeição
libertação
no negro da noite
monstros passeiam-se pelas vielas
medo sono cansaço
abraça o frio e adormece
esta noite trato eu deles
noite
um sonho
outra cidade
luzes mecânicas
procurei-te por entre os escombros da cidadela
mortes apocalípticas
medo