Quero ser a cascata íngreme Que desfaz deformidades Com a força Não com a força literal Mas com a força verbal
Microorganismos de contornos difusos
Flutuam no vácuo terreno
Procuram dor e algum calor
Padecem da carne escassa
Do sabor suculento
Mas efémero
Gostava de ser uma parede
Grande
Mas repleta de hematomas
De gritos
De olhares
(…)
Uma parede antiga
Prestes a desabar
Separação longitudinal
De dois corpos conhecidos
Separados por almas abstractas
Com desejos destemidos
Destino de conservação
Pudessem ao menos
As almas mundanas
Abandonadas
Sentir o calor ofegante
Das imensas trepadeiras
Que envolvem
Aquilo que foi
Deixado para trás
Materialismos que matam mais do que armas
Que fazem desnascer a essência
As essências
Os essenciais mecanismos da humanidade
Vultos guiados por cabos eléctricos