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Inês Pereira Gomes

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Conteúdo

 

Inês gomes "Poemas que me Lembrou Deus"

€10.00 IVA incluído

Livro-Objecto.
2016.
Artelogy.

 

Morre-se assim VI

Cantem-se Cânticos

Escrevam-se Odes

No princípio é sempre o Verbo

No fim também

A diferença é que se nasce no início de um grito

E se morre no fim de outro

Type: 
 

Morre-se assim V

Persigam-se os teus passos de sombra

Apaguem-se as candeias que chegou a manhã

Fere os olhos

Tão concretamente

Ver que já te foste

Que quase fui contigo

Type: 
 

Morre-se assim IV

Os mortos são gente estranha
porque a morte não se soma,
não se sabe, só se entranha.

Type: 
 

Morre-se assim III

Desta vida erma e triste
compadecer-se-á quem?
Quem a vive ledo ou triste,
ou os que já não a têm?

Type: 
 

Morre-se assim II

A sombra da minha dor
desmaia para as beiras dos abismos

O som do meu grito
apenas no silêncio se diz

O tamanho da minha ferida
Só o fundo do inferno sabe

Type: 
 

Morre-se assim II

A sombra da minha dor
desmaia para as beiras dos abismos

O som do meu grito
apenas no silêncio se diz

O tamanho da minha ferida
Só o fundo do inferno sabe

Type: 
 

Morre-se assim I

I

Os mortos demoram tempo a morrer.
De repente, a vida presta-nos contas
da viagem a um deserto de lonjura

Type: 
 

As Almas

Humanas

mãos serpentinas

destilam tramas diagonais.

Banham-se as parcas,remam meninas

as rasas barcas, decadentinas,

cheias de lama e de animais.

Type: 
 

Sufôco

Paredes brancas

que se abatem sobre mim

 

Sufoco...

 

Sinto os pés enterrados em lama

Sinto as mãos esticar até não poder mais, afogando-me

Type: 
 

Estilhaços

Quebro-me em estilhaços

Mordo-te marfim

Rasgo-me em pedaços

 

(esquece-te de mim)

 

Estendo os finos braços

Trémulos, enfim.

Type: 
 

Tanto ser desperdiçado

Ora bem, isto é assim: Acordei, é verdade, hoje acordei, para a morte do costume, para me encher de coragem e para afiar deste punhal o gume de outra margem. Da outra margem de mim...

Type: 
 

Rascunho para o luto de outro lado

Gloriosa visão , sem tempo que lhe toque, sem brilho que lhe passe!

A eternidade com que te gravei, matou-te e transformou-se em ti...

Vivo foste o meu bastante...

Type: 
 

Altar

                                                       clara passivez a tua                                                  

                                      pálida, fria e crua 

Type: 
 

Punhais

No teu viver de cometa,

ardem olhares soturnos,

gritares-doer de poeta.

Punhais da alma incompleta,

Type: 
 

Fala a Sensatez dizendo:

...numa hora circular a que se toca singular cadência oca,

trambolhei afora-boca um qualquerismo bestial!

-"Que bem me sou, sendo Normal"-

Type: 
 

Meu génio fôra outro, não escrevia!

Sou frágil, sou pequena  e sou só.
E tremo pensante que um dia serei pó.

Type: 
 

Sacrifício

Percorres-me, fino fio, vermelho frio, morte imanente.

Pousada que estou na escada de um grito mudo exasperante,

Cindida, me tem a alma num sopro ácido, incandescente. 

Type: 
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